A figura que não pode faltar – e que simboliza muito bem o momento do partido – é o ator José de Abreu. Conhecido por se autoproclamar, à maneira do deputado venezuelano Juan Guaidó, presidente do Brasil, Abreu é o petista que chama a atenção pelo humor (nem sempre de bom caráter). Opina sobre políticas públicas sem medo de entristecer estudiosos. Suas posições são registradas pela mídia. Viraliza. José de Abreu é o lulismo dos memes. (As figurinhas no whatsapp ainda são dominadas por Lula.)
José Dirceu, um dos líderes políticos mais bem-sucedidos do Brasil após 1988, não é conhecido pelo bom humor. Gosta de comer e beber bem, como Daniela Pinheiro registrou em célebre perfil do ex-deputado na revista piauí anos atrás. (Alguém não gosta de comer e beber com luxo? Bem, nem todos se juntam ao Centrão corrupto para isso.) Muito mais fraco politicamente do que antes de ser preso, Dirceu é o único líder real do partido fora Lula. Foi o organizador das derrotas e vitórias do ex-presidente de 1994 a 2010. É o lulismo tático, com pitadas de Lênin.
Petistas históricos e bem-informados desprezam Abreu e veneram Dirceu. O problema é que hoje o segundo precisa mais do primeiro (e o que ele representa) do que contrário.
E Lula?
Nunca se sabe.
(Este artigo expressa a opinião do autor, não representando necessariamente a opinião institucional da FGV.
R7