Na véspera do Dia Mundial sem Tabaco, estabelecido pela OMS como todo dia 31 de maio, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) lança uma pesquisa que relaciona tabagismo com obesidade abdominal em adolescentes.
O estudo foi realizado por pesquisadores do Inca, da Universidade Johns Hopkins e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e publicado na revista científica Preventive Medicine.
A pesquisa constata que a famosa “barriguinha” em adolescentes de 15 a 17 anos é mais frequente entre os fumantes diários do que entre os não-fumantes.
O acúmulo de gordura nessa região representa fator de risco para o desenvolvimento de doenças do coração, câncer e diabetes, segundo o Inca.
De acordo com o órgão, o estudo não visa estabelecer uma relação causal entre o tabagismo e o aumento da circunferência abdominal, porque os adolescentes não foram acompanhados durante anos. Ou seja, não se sabe se os adolescentes já estavam com a circunferência da cintura acima dos padrões antes de começar a fumar ou vice-versa. “O fato é que a coexistência desses dois fatores de risco já nessa fase da vida é algo preocupante, uma vez que esse cenário pode se perpetuar na fase adulta”, informa o estudo.
“São cerca de 100 mil adolescentes que fumam diariamente no Brasil. Se eles não mudarem seu comportamento de fumar e adotarem hábitos de vida saudáveis, para além dos malefícios de curto prazo, terão na fase adulta um risco aumentado para o desenvolvimento de doenças crônicas”, afirma André Szklo, tecnologista do Inca e coautor do estudo.
A pesquisa ainda revela que a proporção de circunferência de cintura elevada entre os meninos fumantes diários foi 130% maior do que entre os não-fumantes. Entre as meninas fumantes, esse percentual foi cerca de 60% maior quando comparadas às não-fumantes.
Nicotina aumenta resistência insulínica
O Inca ressalta que pesquisas anteriores em adultos também encontraram uma associação entre o fumo e a gordura na barriga.
Segundo o órgão, essas pesquisas sugerem que uma possível explicação para o fato seria que a nicotina – substância do tabaco que causa a dependência – aumenta a resistência insulínica, que, por sua vez, está relacionada ao depósito de gordura na região abdominal.
O Inca afirma que essa pode ser uma explicação para o resultado do estudo apresentado nesta quarta-feira (30), mas frisa que a relação de causalidade entre o tabagismo e a obesidade abdominal em adolescentes ainda precisa ser investigada por pesquisas específicas.
Com base para esse estudo, pesquisadores utilizaram dados do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica), pesquisa nacional feita em 2013 e 2014 entre estudantes brasileiros de escolas públicas e privadas, coordenada pelo Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ.
Foram analisados 21.671 meninos e 17.142 meninas de 15 a 17 anos. Observou-se a relação entre o tabagismo e a presença de outras características e comportamentos de risco à saúde, segundo o Inca.
O Dia Mundial sem Tabaco foi instituído pelos Estados membros da Organização Mundial da Saúde (OMS). O Inca informa que, todo ano, a OMS elege um tema para uma campanha mundial que tem como objetivo chamar a atenção para malefícios provados pelo cigarro. Este ano, o tema é “Tabaco e Doenças Cardiovasculares”.
R7