O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) começa a se reunir nesta terça-feira (17) para definir a taxa básica de juros que ficará vigente pelos próximos 45 dias.
Apesar de ter declarado o fim dos cortes na última reunião, quando decidiu derrubar a Selic pela quinta vez seguida, a 4,25% ao ano, os diretores do BC devem levar em conta o efeito do coronavírus na economia.
O novo corte de 0,25 ponto percentual da Selic já é esperado pelo mercado financeiro. De acordo com analistas consultados semanalmente pelo BC, a taxa básica de juros deve cair a 4% ao ano nesta quarta-feira (18) e finalizar 2020 na faixa de 3,75% ao ano/.
O presidente do Cofecon (Conselho Federal de Economia), Antônio Corrêa de Lacerda, afirma que o Copom só vai conseguir impressionar se “tomar medidas mais firmes”, com uma redução de 0,5 ponto percentual nos juros, para “tentar evitar uma recessão maior do que a que virá”.
“O problema do Brasil é o juro ao tomador final. Então, o Banco Central vai ter que atuar firmemente para reduzir as taxas cobradas ao tomador final, principalmente no momento de crise que estamos vivendo. […] Com essa paralisação, a recessão já está dada e, se não houver uma mobilização, os efeito dessa recessão serão muito mais fortes”, prevê Lacerda.
Nesta segunda-feira (16), o ministro da Economia, Paulo Guedes, já anunciou a liberação de R$ 147,3 bilhões para conter os efeitos do avanço do coronavírus na economia brasileira nos próximos três meses. Os recursos visam atendem à população mais vulnerável ao vírus (R$ 83,4 bilhões) e a manutenção dos empregos (R$ 59,4 bilhões).
Efeito EUA
Caso a nova redução seja realmente efetivada, o BC brasileiros seguiria os passos tomados pelo Fed, autoridade monetária dos Estados Unidos, que cortou os juros básicos para entre 0 e 0,25% ao ano.
Para Lacerda, a redução dos juros na economia norte-americana “criou pânico” e obrigará quase todos os mercados globais a seguir a mesma linha. “No Brasil, as coisas demoram a acontecer. Na crise 2018, os Estados Unidos reduziram a praticamente zero as taxas de juros e elas demoraram muito para cair por aqui, mas agora não há muita alternativa”, avalia ele.
“A decisão provoca desvalorização das moedas frente ao dólar, uma corrida pelos títulos norte-americanos e a necessidade de o mundo se adaptar ao novo cenário global, reduzindo as taxas de juros e adotando medidas anticíclicas, o que exige um aumento dos gastos públicos”, completa o presidente do Cofecon.
Juros básicos
Conhecida como taxa básica, a Selic representa os juros mais baixos a serem cobrados na economia e funciona como forma de piso para as demais taxas cobradas no mercado financeiro.
Em linhas gerais, a taxa básica de juros é aquela que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo para empresas ou consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.
A taxa básica também serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, próxima da meta estabelecida pelo governo. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.
R7