Aquela roupa boa encostada no armário ainda pode render algum dinheiro e, ao mesmo tempo, fazer a alegria de quem deseja renovar o guarda-roupa, mas não está disposto a gastar muito.
A receita, que ainda encontra respaldo nos discursos de redução de consumo, reciclagem de peças e sustentabilidade, vem garantindo o sucesso dos brechós online.
Na plataforma do Facebook, os grupos fechados dedicados à compra e venda de usados, especialmente roupas e acessórios, vêm crescendo e ganhando cada dia mais adeptos.
Criado há pouco mais de dois anos pela consultora de moda Vanessa Barone, o Brechó Descomplique, hoje com 1,7 mil participantes, nasceu de uma necessidade pessoal de readequação de espaço.
— Eu estava de mudança e fiz o grupo para vender as minhas coisas. As pessoas gostaram e perguntaram se poderiam postar as coisas delas também. Eu topei, mas mantenho o grupo fechado pois gosto de aprovar as publicações, para não haver distorções no propósito.
Vanessa, que quando dá aquele trato no guarda-roupa da clientela também ajuda a vender as peças “eliminadas” do armário, explica que o objetivo do brechó online é exatamente esse: vender roupas e acessórios usados em bom estado. Ressalva que não ganha sobre as vendas de produtos dos outros, e credita o sucesso do formato mais à crise do que a qualquer mudança de mentalidade.
— Tem mais a ver com o bolso e menos com consciência.
Quem compartilha da mesma opinião é a ex-vendedora de cosméticos Kelly Albernaz, administradora do Brechó das Mocinhas, que viu o negócio prosperar na medida em que a crise aumentou.
— No começo, muita gente vendia por falta de espaço ou por não querer mais as peças. Muitas vezes, vendiam e já compravam outra. Hoje a gente vê pessoas que têm apego com os itens, mas coloca à venda pois precisa de grana.
Mais consumistas e compulsivas, as mulheres são 90% das participantes. Em seu bazar, Kelly garante que é possível encontrar produtos originais, em excelente estado de conservação e com preços muito convidativos.
Itens de grifes sofisticadas, com pouco uso, e a preços possíveis formam o estoque do Bazar de Seminovos, idealizado pela engenheira Silvia Simão.
O grupo, montado em 2015, foi uma forma de empreender na crise e colocar à venda roupas e acessórios de qualidade, caros, que normalmente as pessoas não doam.
— Nossos clientes são pessoas que curtem marcas, mas não podem ou não querem gastar tanto. No nosso bazar elas encontram, por exemplo, uma bolsa Prada original por R$ 800 (as novas podem chegar a US$ 3 mil).
Calçados e acessórios são os itens mais procurados pelas cerca de 500 pessoas que estão no grupo, que também vende roupas usadas de marcas nacionais, como Osklen e Adriana Barra, e moda esportiva, como Nike e Adidas. Para ingressar nesse atraente mundo de compras online, basta curtir a página. Silvia garante que aprova os novos consumidores sem ressalvas.
SERVIÇO:
Brechó Descomplique
Brechó das Mocinhas
Bazar de Seminovos
R7