O clima em Kazan era de consternação.
Naquele 6 de julho de 2018, Tite estava mais desorientado do que triste.
Seu time caía na Copa da Rússia, nas quartas-de-final.
No vestiário abraçou os jogadores, repassou seu inconformismo para seus auxiliares Sylvinho e Cleber Xavier. Disse aos dois que o treinador belga Roberto Martínez disse que teve ‘sorte’ na vitória por 2 a 1.
Todos os brasileiros que estavam no vasto território ocidental da Rússia sabiam. O coronel Antônio Nunes era uma figura simbólica na delegação. Era presidente da CBF para manter o grupo de Marco Polo del Nero, banido do futebol, no poder.
Quem já mandava era Rogério Caboclo, afilhado e escolhido por Del Nero para sucedê-lo.
No tradicional jantar após os jogos na Copa, Caboclo deu um abraço em Tite. Na frente de todos os atletas. Era o apoio explícito.
Em seguida, o convite para a renovação até a disputa da Copa de 2022.
Além de ter gostado do trabalho de Tite, o afilhado de Marco Polo del Nero sabia que o cenário de treinadores no país era escasso. E ele também é, por coincidência, nacionalista como o banido ex-presidente da CBF.
Não admite um estrangeiro comandando a Seleção.
Abalado, desorientado e inconformado com a eliminação, Tite quis pensar.
Caboclo precisava que Tite seguisse na Seleção. Para que seu processo sucessório não fosse conturbado com a aposta em um treinador sem tanta afinidade com a CBF.
Tite ainda tinha grande apoio popular.
E o técnico decidiu ficar.
Só que o desgaste veio.
R7