Especialista adverte o seu uso e aponta riscos à saúde de quem o consome
Diferente da versão de papel, eles são modernos, passam despercebidos nos ambientes, não soltam fumaça fedida, não causam um hálito desagradável, pelo contrário, têm sabores atraentes e viraram um acessório descolado dos influenciadores. Estes são os cigarros eletrônicos que têm virado moda entre os jovens e gerado muitas dúvidas sobre os seus fatores de risco à saúde, afinal, faz mal?
O dispositivo eletrônico foi criado, há mais de vinte anos, como uma alternativa de transição para o fumante abandonar o vício. Hoje, ele tem sido porta de entrada para o consumo do cigarro convencional e outros fumos. Nos Estados Unidos, virou assunto de saúde pública a utilização entre os jovens. De acordo com o CDC (Centro de Controle de Doenças dos EUA), em 2018, o crescimento no uso entre os estudantes do ensino médio foi de 78%, atingindo 3,6 milhões de adolescentes em idade escolar.
Segundo o marketing das marcas estrangeiras, eles são menos prejudiciais que os cigarros tradicionais, pois funcionam à base de um líquido que, ao ser aquecido, gera um vapor aspirado e exalado pelos usuários com menos toxinas que a versão em papel, queimada por combustão. Mas para os profissionais de saúde, existem muitas controvérsias sobre qualquer benefício do cigarro eletrônico.
O cardiologista intervencionista, Marcílio Batista, explica que o consumo, destes cigarros eletrônicos, podem causar doenças cardiovasculares, independente da idade, já que é consumido por um público jovem, e até mesmo câncer de pulmão. “Por causa das substâncias tóxicas existentes no cigarro eletrônico, elas podem precipitar doenças cardiovasculares, apesar de não criarem dependência”, diz o médico do Hospital ProHope, localizado no bairro de Cajazeiras, em Salvador.
Estudo do Instituto Nacional de Câncer (INCA) aponta os riscos de iniciar o consumo de cigarros convencionais a partir do uso de cigarros eletrônicos. Segundo os estudos, pessoas que nunca experimentaram o cigarro convencional, têm três vezes mais chances de iniciar o uso se tiverem histórico de consumo do dispositivo eletrônico e mais de quatro vezes o risco de continuar a usá-lo.
Entre as festas e os momentos sociais, é cada dia mais comum a presença dos Vapes. Para o cardiologista, é bem preocupante quando este dispositivo está associado ao uso de bebidas alcóolicas. “A mistura é, na verdade, uma bomba, pois além do estômago e pulmão, o fígado também pode ser afetado, tendo a propensão de se tornar um ciclo vicioso, mais cigarro, mais bebida”, alerta o médico.
É legalizado no Brasil?
A resposta é não. Mesmo sendo uma moda, a comercialização, importação e propaganda de cigarros eletrônicos são proibidas no país, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária desde 2009 (RDC 46, de 28/08/09). Estes produtos são vendidos ilegalmente pela internet, no comércio informal.