O governo sírio tem repetido que a cidade de Idlib é o único foco de resistência dos rebeldes e que uma iminente vitória do Exército dará fim à Guerra da Síria.
A notícia deixou o país na expectativa de voltar à normalidade. Mas até a capital Damasco é um exemplo de que a rotina normal demorará para retornar.
O centro da cidade foi pouco afetado, mas a região periférica de Ghouta Oriental, área agrícola na periferia de Damasco, que voltou ao controle do governo em abril último, ainda se ressente da destruição causada pelos combates entre forças do governo e rebeldes.
A região ainda está sob tensão. Vários moradores e ex-combatentes foram deslocados para outras localidades do país.
Mas, conforme revelou o Observatório Sírio de Direitos Humanos, na última semana a Inteligência do regime prendeu 45 pessoas, entre elas duas mulheres, na cidade de Madyara no leste de Ghouta, após as operações diárias que duraram sete dias.
Rondas militares têm sido uma constante na área, com oficiais ligados ao ditador Bashar al-Assad tentando encontrar remanescentes dos rebeldes, considerados “terroristas” pelo regime. Um centro “para resolver essas questões” foi aberto na região.
Assentamentos também estão sendo montados para receber e monitorar moradores que permaneceram ou que por algum motivo chegam a esta parte da cidade.
Três anos antes do início da Guerra da Síria, em 2011, Damasco foi considerada a Capital Árabe da Cultura. Era o ano de 2008 e a cidade síria esbanjava seu glamour com lojas tradicionais, bares lotados, jovens conversando e fumando narguilé.
Com o início dos combates, do governo contra grupos rebeldes, a preocupação de que a parte central da cidade fosse atacada não se concretizou.
Damasco continuou sua rotina pulsante, mas psicologicamente abalada por saber que os bombardeios se multiplicavam em outras regiões do país.
Até que, no início do ano, as explosões passaram a ser ouvidas, vindas de regiões como Ghouta. Não chegaram ao centro, mas seus moradores, mesmo “distantes” da guerra, até hoje não podem sair despreocupados. Sabem que outra parte da cidade está destruída e ainda vivendo sob um clima de terror.
R7