Segundo o delator Carlos Miranda, o ex-secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, teria recebido uma mesada de R$ 30 mil num esquema de propina durante a gestão de Sérgio Cabral. Segundo a delação de Miranda, de 2007 a 2014, os valores teriam sido entregues à mulher de Beltrame, Rita Paes.
Beltrame foi o homem que chefiou por mais tempo a secretaria e foi citado, pela primeira vez, numa colaboração premiada. Foram dez anos à frente da Secretaria de Segurança do Rio. Ele ocupou o cargo durante toda a gestão de Sérgio Cabral e no começo do atual governo, de Luiz Fernando Pezão. O ex-secretário deixou o cargo em outubro de 2016.
O ex-secretário foi responsável pela implantação do projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
As delações contra ele foram feitas por Carlos Miranda, responsável por recolher e distribuir a propina do grupo criminoso comandado pelo ex-governador. Ele era conhecido como o “homem da mala”.
O delator também contou que, antes de chegar às mãos dos Beltrame, o dinheiro seria repassado ao empresário Paulo Fernando Magalhães Pinto. Paulo Fernando é investigado por ser “laranja” do ex-governador Sérgio Cabral.
Ele também era dono do apartamento, em Ipanema, alugado pelo então secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.
Após a publicação da denúncia, o ex-secretário divulgou uma nota confirmando que, por dois anos, foi inquilino de Paulo Fernando, assessor do então governador Sérgio Cabral.
Beltrame declarou que já foi “caluniado algumas vezes”. Na nota, ele diz que “com os recibos dos aluguéis e declarações de imposto de renda, venceu todas as ações no Judiciário, com direito a indenizações reparatórias”.
De acordo com Beltrame, a acusação, além de “fantasiosa”, não “tem pernas”. Ele acrescentou ainda: “São as únicas metáforas que encontrei para substituir o já tão desgastado ‘absurdo’ “.
Delação homologada no STF
Em novembro de 2016, Carlos Miranda foi preso junto com o ex-governador Sérgio Cabral. O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, homologou a delação dele no ano passado. Nesse período, vários esquemas denunciados por Carlos Miranda, que envolvem empresários e políticos, vêm sendo revelados.
Neste fim de semana, novas acusações contra o governador do Rio de Janeiro foram divulgadas.
Miranda disse que Luiz Fernando Pezão recebeu uma mesada de R$ 150 mil por mês – durante os sete anos em que ocupou o cargo de vice-governador de Sérgio Cabral. De acordo com o delator, o pagamento era feito em dinheiro vivo, dentro do Palácio Guanabara, a sede do governo do estado.
Carlos Miranda afirmou ainda que entre 2007 e 2014, Pezão recebeu dois bônus de um milhão de reais cada um. o delator contou também que quando Sérgio Cabral deixou o governo, em 2014, e o vice-governador assumiu o cargo, a ordem dos pagamentos mudou. Foi Pezão quem passou a enviar propina a Cabral uma mesada de R$ 400 mil .
O governador Luiz Fernando Pezão repudiou o que chamou de mentiras. Afirmou que jamais recebeu recursos ilícitos e que já teve sua vida amplamente investigada pela Polícia Federal.
A delação de Carlos Miranda sobre Luiz Fernando Pezão já foi encaminhada ao Superior Tribunal de Justiça, que tem a atribuição de julgar o governador.