O terceiro dia do evento destacou o protagonismo do bairro
Terceiro dia do Festival Literário Nacional – FLIN, organizado pelo Governo do Estado da Bahia, através da Fundação Pedro Calmon (FPC/SecultBA), trouxe os artistas Bixarte, Esteban Rodrigues e os humoristas Jhordan Matheus e Tiago Banha, em conversa descontraída com a atriz carioca Luana Xavier. A programação se estendeu em três dias com muita poesia, leitura, apresentações infantis, lançamentos e oficinais e encerrou com a Banda Afrocidade.
A mesa “Mente sã e corpos trans” trouxe pontos sensíveis para as pessoas transgêneras, como o afeto que muitas vezes lhes é negado e questões familiares. Entendo que família também pode ser o nosso quilombo, fiz e faço minha família na rua, as travestis que me acolheram e que me ensinaram que eu podia sonhar e concretizar o que acredito, são minha família”, descreveu Bixarte, artista paraibana.
“Família para mim é afeto, é resistência, muitos corpos travestigeneres não tem esse apoio e afeto, sei que estou num lugar de privilégio, mas é preciso falar para esses corpos que isso é possível, afeto é um ato político e nossos corpos precisam disso”, declarou o poeta baiano Esteban Rodrigues.
Durante a tarde, os humoristas refletiram quais seriam o limite do riso. “Há limite para tudo, inclusive meu corpo tem limites”, reafirmou Jhordan Matheus, conhecido como O Rasta, que trouxe seu público da internet para o ginásio. A mesa refletiu sobre o caso polêmico na última edição do Oscar e o imbróglio entre os atores estadunidenses Will Smith e Chris Rock. “É possível fazer piada sem ferir ninguém. É possível usar a piada para mandar mensagens que serão absorvidas sem ser percebidas”, declarou Jhordan Matheus.
Atrações do último dia e show de Afrocidade
Lívia Gois, que abriu a programação infantil com contação de história e oficina de pintura criativa, destacou a importância do Flin na preparação de novos cidadãos. “É um lugar de pertencimento, de valorização do ser, de criatividade e de nossa cultura, fundamental para o futuro da infância que será capaz de empoderar sua comunidade”, afirmou.
Destacando a importância da valorização feminina, Marcela Guedes, do Samba de Ohama, abriu o bate-papo “Cajacity é meu país”. Ela abordou que no início da carreira encontrou pessoas que desacreditaram do seu trabalho e que isso serviu de combustível para que ela continuasse seu caminho. A artista fala que é na leitura que ela encontra inspiração para continuar o seu trabalho. O bate-papo também contou com a participação de Wendel Muniz, criador da página “Cajazeiras da Depressão” e Eduardo Luz, do site “Fala Cajazeiras”.
O Slam das Minas também subiu ao palco Tenda com sua poesia afirmativa. “Estamos inaugurando um novo momento do Slam das Minas nesta participação no festival, para nós é uma possibilidade de plantar nossas sementes”, pontuou Ludmila.
Em sua segunda edição, o Flin trouxe três dias de atividades voltadas à leitura, música e poesia, com espaço voltado para os talentos locais e apresentações infantis, e se despediu de Cajazeiras com a banda Afrocidade, agitando o público.