Além do relato feito em entrevista na saída de campo (leia aqui), o meio-campista Gerson, do Flamengo, também se manifestou nas redes sociais após acusar o colombiano Indio Ramirez, do Bahia, de injúria racial. O caso aconteceu durante a vitória do Rubro-Negro carioca sobre o Tricolor por 4 a 3, de virada, no Maracanã, na noite deste domingo (20), pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro.
O camisa 8 do Mengo voltou a reiterar que o “cala boca, negro”, dito pelo colombiano não vai mais acontecer. Ele ainda destacou que racismo é crime e lamentou o ocorrido. O caso aconteceu aos sete minutos do segundo tempo.
Com o resultado, o Flamengo assumiu a segunda posição na tabela de classificação com 48 pontos, cinco a menos do que o líder São Paulo. O Bahia é o 16º com 28, mesma pontuação do Vasco, que abre a zona de rebaixamento em 17º e com um jogo a menos. Na próxima rodada, o Mengo visita o Fortaleza, no Castelão, sábado (26), às 19h. No dia seguinte (27), às 16h, o Tricolor encara o Inter, na Arena Fonte Nova.
Leia o texto de Gerson publicado nas redes sociais:
“Amo minha raça e luto pela cor
O “cala boca, negro” é justamente o que não vai mais acontecer. Seguiremos lutando por igualdade e respeito no futebol – o que faltou hoje do lado contrário. Desde os meus 8 anos, quando iniciei minha trajetória no futebol, ouço, as vezes só por olhares, o “cala a boca, negro”. E eles não conseguiram. Não será agora.
“Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”. Não adianta ter o discurso, fazer campanha, e não colocar em prática em todos os aspectos da vida, inclusive dentro de campo. O futebol não é algo fora da sociedade e um ambiente onde barbaridades como o “cala a boca, negro” podem ser aceitas.
É uma pena nós, negros, termos que falar sobre isso semanalmente e nenhuma atitude no esporte ser tomada a respeito. E é mais triste ainda ver a conivência de outras pessoas que estão dentro de campo e que minimizaram e diminuíram o peso do ato de hoje no Maracanã. É nojento conviver com o racismo e ainda mais com os que minimizam esse crime.
Não vou “calar a minha boca”. A minha luta, a luta dos negros, não vai parar. E repito: é chato sempre termos que falar sobre racismo e nada ser feito pelas autoridades.
Racismo é crime. E deve ser tratado desta maneira em todos os ambientes, inclusive no futebol.
Não me calaram na vida, não me calaram em campo e jamais vão diminuir a nossa cor.”
Bahia Notícias