As primeiras palavras do técnico Guto Ferreira, campeão baiano de 2018, foram em tom de desabafo. O Bahia levantou a taça ao bater o Vitória por 1 a 0 em pleno Barradão e fez a festa na casa do rival. Antes de chegar a esse momento, porém, o treinador precisou lidar com constantes críticas e protesto da torcida tricolor. E por isso ele usou os microfones para rebater os questionamentos que sofreu.
Guto explicou que o desempenho abaixo do esperado de sua equipe no início de temporada é algo normal. E alfinetou: “Antes de criticar, as pessoas precisam se embasar sobre o treinamento esportivo”. Ele ainda afirmou que, se tivesse sido demitido por causa dos tropeços, ficaria chateado, porém entenderia.
– Esse déficit de desempenho tinha explicação, mas as pessoas não queriam compreender, ter paciência. A gente foi dando tempo, o grupo foi assentando e, no final, está aí. Isso [vaias e cobranças] aconteceu em 2016, 2017, e vai acontecer de novo. Porque, antes de criticar, as pessoas precisam se embasar sobre o treinamento esportivo, acreditar mais nos que estão conseguindo resultado. Para mim, é muito tranquilo. Se, em algum momento, acontecesse a cisão do trabalho, com certeza, a gente ficaria chateado, mas são escolhas. Assim como eu, outras pessoas têm que tomar decisões. Eu também. Tem que ter convicção. Isso nos trouxe até aqui para levantar o título – afirmou à rádio Metrópole.
O treinador comentou um episódio que aconteceu antes de a bola rolar. Quando chegava ao estádio, o ônibus do Bahia foi apedrejado por torcedores do Vitória. Em tom reflexivo e segundo ele, sem querer fazer insinuações, Guto avaliou que o torcedor é movido por alguma coisa.
– A gente precisa crescer na mentalidade. Tenho visto coisas, em termos de mundo… O futebol não pode ir para essa direção. O torcedor precisa entender que isso é esporte. E que ninguém é mais homem que ninguém. E não é tentando intimidar que vai conseguir vencer. É trabalhar buscando melhorias de condições técnicas, táticas e físicas. Estruturando, dando condição, consertando quando você erra. É buscando não errar que o futebol vai crescer como um todo. É muito simples jogar a culpa no torcedor. O torcedor foi movido por algo. Só coloco a situação como reflexão. Não estou insinuando nada. O futebol é um exemplo para sociedade. Isso que sofremos aqui hoje, o que aconteceu há dois Ba-Vi’s, não são exemplos para a sociedade – disse.
O domingo será de festa, porém ela não vai durar pouco. Na quarta, o Tricolor estreia na Sul-Americana fora de casa, contra o Blooming, da Bolívia.
Do GLobo Esporte