Depressão e ansiedade são os transtornos mentais mais comuns entre os brasileiros, diz Psicóloga do Hospital Prohope, Camila de Jesus
Estudo da Organização Pan-Americana de Saúde apontou, em 2019, que o Brasil apresenta as maiores taxas de incapacidade causada por Depressão (9,3%) e ansiedade (7,5%) do continente americano. A média mundial de gastos com saúde mental é de 2,8% do total destinado à saúde – percentual baixo na avaliação de organismos internacionais que tratam do assunto.
O mês de janeiro foi escolhido como mês para conscientização sobre saúde mental, através do projeto Janeiro Branco. A campanha nasceu de uma mobilização de psicólogos da cidade de Uberlândia, em 2014, com o objetivo de difundir a importância do cuidado com a saúde mental e desmistificar os preconceitos que envolvem as morbidades psiquiátricas e emocionais.
Os transtornos mentais mais prevalentes na população brasileira são a depressão e ansiedade. A rotina diária comumente levada pela maioria dos indivíduos envolve diversos fatores que podem favorecer ao desenvolvimento dessas patologias. O estresse gerado pelas pressões no trabalho, juntamente com a ausência de uma estruturação psíquica para lidar com tal situação e o imediatismo cobrado pela sociedade podem criar um campo fértil para esse desenvolvimento, é o que defende a psicóloga do Hospital Prohope, Camila de Jesus. É comum ver outros fatores sociais como por exemplo homofobia, racismo, machismo, grande exposição nas redes sociais (e o julgamento desenfreado que as pessoas praticam nesse ambiente) e outras violências como condições que ajudam no desenvolvimento dessas morbidades.
O cuidado com a saúde mental ainda é visto com muito preconceito por parte da sociedade e até mesmo de alguns profissionais da área de saúde. “Até pouco tempo os tratamentos psiquiátricos eram destinados a pessoas que possuíam comportamentos destoantes dos denominados como padrão pela sociedade, sendo assim, existia pouco interesse real no tratamento e/ou recuperação dos sujeitos que realmente eram adoecidos. Após a Reforma psiquiátrica brasileira iniciada na década de 1970, pudemos notar avanços consideráveis no que se refere ao tratamento das morbidades psíquicas, incluindo humanização e entendendo que o diagnóstico psiquiátrico não necessariamente invalida o sujeito”, diz a psicóloga.
As questões da saúde mental afetam a vida do sujeito como um todo – desde a sua relação consigo mesmo, até seu desenvolvimento no trabalho, nas relações afetivas e familiares. Isso porque a pessoa pode ficar mais afastada, mais retraída diante da ausência de suporte da sua rede de amigos e familiares e até mesmo com receio de partilhar sobre o seu diagnóstico com medo do preconceito. A depender do diagnóstico recebido, a repercussão pode chegar até mesmo na produtividade do sujeito na sua atividade laboral, podendo interferir na sua autoestima e no modo como ele vê a vida.