Resíduos como óleo de cozinha e azeite de dendê, que geralmente são descartados de forma inapropriada por alguns, viram arte nas mãos dos adolescentes e jovens que cumprem medida socioeducativa na Fundação da Criança e do Adolescente (Fundac), órgão da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social. São esses ingredientes que os educandos têm usado como base para confeccionar sabão em barra, que são destinados ao uso próprio e também para utilização dos colaboradores que atuam na Comunidade de Atendimento Socioeducativo (Case) Irmã Dulce, localizado em Camaçari, unidade em que o projeto é realizado.
A ação, que já vem sendo desenvolvida há alguns anos, foi intensificada neste momento de pandemia, e se somam às medidas preventivas já adotadas pela Fundac. De acordo com o coordenador pedagógico da unidade, Gerson Almeida, a prática de atividades do tipo, além sensibilizar os educandos sobre a importância da reutilização e do descarte adequado de produtos para preservação do meio ambiente, também servem para atender demandas individuais dos adolescentes. “Têm educandos que se interessam por curiosidade, outros se identificam com a atividade e têm, também, aqueles que usam a oficina como forma terapêutica”, afirma.
Como prevenção ao novo coronavírus, as atividades também tiveram que ser adequadas à realidade atual. A confecção do sabão caseiro é realizada por alojamento, e com um número restrito de jovens, até quatro participantes por vez, para evitar aglomeração e respeitar o distanciamento mínimo recomendado pelos órgãos de saúde.
Processo criativo
A confecção do sabão foi levada para a unidade pelo socioeducador da Fundac, Fabrício Oliveira, que é formado em Química. Para composição dos produtos, ele inicialmente faz uma espécie de sensibilização sobre os efeitos nocivos que produtos como o óleo podem causar ao meio ambiente, e mostra formas adequadas para o destarte desse produto. Na hora da confecção, ele usa óleo recolhido por ele e pelo coordenador pedagógico, ou doado para a unidade.
No último mês, foram produzidas 60 unidades de sabão caseiro. Além do óleo e do azeite, são usados ainda alguns utensílios que são adaptados para servirem como moldes, a exemplo do papelão. Também são usadas peneiras e palhas de aço.
O preparo é trabalhoso, mas o resultado tem sido bem avaliado pelos colaboradores da unidade. “O processo é iniciado com o preparo do material e diluição do óleo. Depois, os adolescentes fazem os moldes, secagem (que leva em torno de uma semana), higienização e corte do sabão. O produto é colocado nos banheiros e o uso é individual, justamente para evitar o seu compartilhamento”, conclui Gerson Almeida.