** No ano passado, a taxa de desocupação média no estado (19,5%) foi inferior ao recorde de 2020 (20,3%), mas seguiu maior do que antes da pandemia (17,4% em 2019). Foi também bem mais alta que a taxa nacional (13,2%) e menor apenas que a de Pernambuco (19,9%);
** A taxa de desocupação na Bahia cedeu em 2021 puxada pelo aumento recorde no número de pessoas trabalhando (+7,5%), que chegou a 5,587 milhões, embora ainda estivesse abaixo do pré-pandemia (5,838 milhões em 2019);
** Por outro lado, o total de desocupados no estado também seguiu em alta em 2021, pelo sétimo ano consecutivo (+2,1%), chegando a 1,348 milhão de pessoas – maior contingente em 9 anos de série histórica;
** O saldo positivo no número de trabalhadores na Bahia, entre 2020 e 2021 (+391 mil), se concentrou exclusivamente naqueles por conta própria ou informais;
** Já os empregados com carteira assinada tiveram uma segunda queda consecutiva (-2,8%), chegando em 2021 a seu patamar mais baixo desde 2012: 1,355 milhão;
** Na Bahia, ocupação cresceu em 9 das 10 atividades econômicas, entre 2020 e 2021, lideradas pela agricultura (+144 mil trabalhadores). Só houve recuou de ocupados na administração pública (-48 mil);
** Com informalidade e inflação em alta, o rendimento médio real dos trabalhadores baianos caiu 12,4% entre 2020 e 2021 e foi o mais baixo em 9 anos: R$ 1.661;
** Todas as informações são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) Trimestral, do IBGE.
No 4º trimestre de 2021, a taxa de desocupação na Bahia mostrou seu segundo recuo seguido frente ao trimestre anterior, indo a 17,3%. Ficou abaixo tanto do indicador do 3º trimestre (18,7%) quanto da taxa do 4º trimestre de 2020 (20,7%) e foi a menor desde o 4º trimestre de 2019 (16,5%).
Ainda assim, a taxa de desocupação baiana nos últimos três meses de 2021 foi a segunda mais elevada dentre os estados, um pouco menor apenas do que a verificada no Amapá (17,5%) e bem acima do indicador nacional (11,1% no 4º tri/21). Ao longo do ano passado, a Bahia teve a maior taxa de desocupação do país no 1º trimestre e manteve a 2a posição desde então.
Assim, em 2021, a taxa média de desocupação no estado ficou em 19,5%, inferior o recorde de 2020 (20,3%), mas ainda maior do que a registrada antes da pandemia, em 2019 – quando havia sido de 17,4%.
Depois de apresentar a maior taxa de desocupação do Brasil em 2020, a Bahia ficou com a segunda mais elevada no ano passado, abaixo apenas do indicador de Pernambuco (19,9%). A taxa baiana em 2021 foi significativamente maior do que a verificada no Brasil como um todo (13,2%) e mais que o triplo da registrada em Santa Catarina (5,5%), estado que tem a menor taxa de desocupação do país em toda a série da PNADC, iniciada em 2012.
A taxa de desocupação mede a proporção de pessoas de 14 anos ou mais de idade que estão desocupadas (não trabalharam e procuraram trabalho) em relação ao total de pessoas que estão na força de trabalho, seja trabalhando (pessoas ocupadas) ou procurando (desocupadas).
Em 2021, Bahia teve o maior aumento anual do nº de trabalhadores na série histórica, mas procura por trabalho também foi recorde
Entre 2020 e 2021, a taxa de desocupação na Bahia cedeu puxada pelo aumento recorde no número de pessoas trabalhando no estado, fosse em ocupações formais ou informais (população ocupada).
De um ano para o outro, esse grupo aumentou 7,5%, chegando a 5,587 milhões de pessoas, o que representou mais 391 mil trabalhadores no período. Tanto em termos percentuais quanto em números absolutos, foi o maior avanço da população ocupada no estado desde o início da série histórica da PNADC, em 2012.
Ainda assim, não foi o suficiente para que o número de trabalhadores na Bahia, em 2021, voltasse ao patamar pré-pandemia, de 5,838 milhões em 2019.
Por outro lado, na Bahia, a população desocupada (quem não estava trabalhando, procurou trabalho e poderia ter assumido caso tivesse encontrado) também seguiu em alta em 2021, pelo sétimo ano consecutivo, chegando a 1,348 milhão de pessoas.
Foi o maior contingente de desocupados da série histórica da PNADC, 2,1% superior ao verificado em 2020 e perto do dobro (84,5% superior) do menor patamar para esse grupo, verificado em 2014 – quando havia 731 mil pessoas desocupadas no estado.
A geração de trabalho ainda insuficiente para reduzir de forma importante a demanda explica o recuo apenas tímido na taxa de desocupação baiana.
Já a população que estava fora da força de trabalho em 2021 (pessoas que por algum motivo não estavam trabalhando nem procuraram trabalho) diminuiu pela primeira vez depois de cinco anos em alta, na Bahia. Ficou em 5,103 milhões de pessoas, 5,7% menor do que era em 2020 (quanto tinha atingido seu pico), mas ainda foi a segunda maior da série histórica.
Dentre os que estão fora da força de trabalho, os desalentados também voltaram a diminuir em 2021, após terem crescido entre 2019 e 2020.
No ano passado, 715 mil pessoas podiam ser consideradas desalentadas na Bahia, 11,4% a menos do que o recorde de 2020 e o menor contingente desde 2017, quando esse grupo somava 621 mil pessoas.
Apesar da redução, a Bahia continuou em 2021 com o maior número de desalentados do Brasil, liderança que sustenta ao longo dos nove anos da série histórica da PNADC. Em todo o país, no ano passado, havia 5,340 milhões de pessoas desalentadas.
A população desalentada é aquela que está fora da força de trabalho por uma das seguintes razões: não conseguia trabalho, ou não tinha experiência, ou era muito jovem ou idosa, ou não encontrou trabalho na localidade. Entretanto, se tivesse conseguido trabalho, estaria disponível para assumir a vaga.
Saldo positivo no número de trabalhadores na Bahia, entre 2020 e 2021, se concentrou exclusivamente naqueles por conta própria ou informais
Entre 2020 e 2021, o aumento do número de trabalhadores na Bahia se deu exclusivamente pelos saldos positivos entre os informais e os trabalhadores por conta própria (fossem eles formais ou informais).
O grupo dos empregados com carteira assinada no setor privado diminuiu pela segunda vez consecutiva no estado (-2,8%), chegando ao menor patamar nos nove anos da série histórica da PNADC: 1,355 milhão de pessoas, 39 mil a menos do que em 2020. O setor público teve saldo de menos 38 mil empregados (-5,0%), indo a um total de 729 mil, menor contingente desde 2017.
O número de trabalhadores domésticos com carteira assinada caiu pelo segundo ano consecutivo (-16,1%) e foi o menor da série histórica: 52 mil pessoas, 10 mil a menos do que em 2020. Já os empregadores tiveram o quarto recuo seguido (-2,4%), indo 183 mil pessoas, 5 mil a menos do que 2020 e o menor contingente desde 2014.
Por outro lado, o total de trabalhadores por conta própria (autônomos) foi o que mais cresceu em termos absolutos, na Bahia, entre 2020 e 2021, passando de 1,509 milhão para 1,731 milhão de pessoas – o que representou mais 222 mil contas-próprias em um ano (+14,7%).
Tanto os contas-próprias com CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, ou seja, formalizados) quanto os sem CNPJ (informais) aumentaram numericamente no ano passado. Embora a taxa de crescimento dos formalizados tenha sido maior (+39,6%), os informais (sem CNPJ) ainda representavam 85,0% dos trabalhadores por conta própria baianos.
Somando estes aos demais trabalhadores informais, chegava-se, em 2021, a 3,067 milhões de pessoas ocupadas na informalidade, na Bahia. Esse contingente aumentou 15,3% frente a 2020, quando os informais haviam sido fortemente impactados pela pandemia. Foi a maior taxa de crescimento anual da série histórica, o que representou mais 408 mil pessoas ocupadas na informalidade, no estado, em um ano.
Assim, os informais passaram a representar no ano passado 54,9% dos trabalhadores baianos, a maior taxa de informalidade desde 2016, quando o indicador passou a ser calculado, e a 5a mais elevada dentre os 27 estados.
São considerados informais os empregados no setor privado e domésticos que não têm carteira assinada, os trabalhadores por conta própria ou empregadores sem CNPJ e as pessoas que trabalham como auxiliares em algum negócio familiar.
Dentre os informais, os que mais aumentaram, tanto em números absolutos quanto percentual, foram os empregados no setor privado sem carteira assinada, que passaram de 865 mil em 2020 para 1,054 milhão em 2021 (+189 mil ou +21,8%).
Na Bahia, ocupação cresceu em 9 das 10 atividades econômicas entre 2020 e 2021, lideradas pela agricultura; só houve recuou na administração pública
De 2020 para 2021, na Bahia, houve aumento do número de pessoas trabalhando em nove dos dez grupos de atividades econômicas investigados. Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais foi o único a ter saldo negativo, de menos 48 mil trabalhadores (-4,7%), no período.
Dentre as nove atividades com alta na população ocupada, os destaques, em termos absolutos, vieram da agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (mais 144 mil trabalhadores de um ano para o outro, ou +15,6%); da construção (mais 85 mil ocupados ou +24,1%, maior crescimento percentual); e comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (mais 78 mil trabalhadores ou +7,9%).
Apesar do crescimento disseminado frente a 2020, só na agricultura (1,069 milhão de trabalhadores) e na construção (438 mil trabalhadores) o número de pessoas ocupadas em 2021 era maior do que em 2019. A ocupação em todas as demais atividades econômicas na Bahia ainda continuava abaixo do patamar pré-pandemia.
Rendimento médio real dos trabalhadores baianos caiu 12,4% entre 2020 e 2021 e foi o mais baixo em 9 anos (R$ 1.661)
Em média, no ano de 2021, o rendimento médio real (descontados os efeitos da inflação) mensal habitualmente recebido por todos os trabalhos na Bahia ficou em R$ 1.661, mostrando recuo de 12,4% frente ao valor de 2020 (R$ 1.895).
Foi a queda percentual mais intensa na renda do trabalho desde o início da série histórica da PNADC (em 2012), o que a levou a ser a mais baixa em nove anos.
O movimento de redução do rendimento médio na Bahia se explica principalmente pelo aumento do número de trabalhadores informais, que normalmente têm as remunerações mais baixas, mas também tem a inflação como importante contribuição. Entre 2020 e 2021, o rendimento real do trabalho caiu em quase todos os estados brasileiros, à exceção de Tocantins.
Nesse período, o rendimento médio mensal dos trabalhadores baianos passou de quarto para terceiro mais baixo do país, acima apenas dos registrados no Maranhão (R$ 1.550) e no Piauí (R$ 1.651). No ano passado, estava 35,8% abaixo do valor nacional (R$ 2.587) e era menos da metade do rendimento do Distrito Federal, o maior do país (R$ 4.391).
A redução do rendimento médio dos trabalhadores na Bahia foi tão importante que, mesmo com o crescimento da população ocupada, fez a massa de rendimento real habitual de todos os trabalhos no estado cair em 2021 (-6,3% frente a 2020), chegando ao seu menor patamar nos nove anos de série histórica: R$ 8,898 bilhões.
A massa de rendimento é a soma dos rendimentos de trabalho de todas as pessoas ocupadas. Indica o volume de dinheiro em circulação no estado.