Câncer de pele não melanoma e câncer de próstata são os que mais afetam homens, segundo o Inca
No mês em que uma campanha mundial promove a conscientização sobre os cuidados com a saúde masculina e a prevenção do câncer de próstata, é muito importante falar do tipo de câncer que mais afeta os homens, o câncer de pele não melanoma. A doença na próstata, um dos assuntos mais debatidos neste período, por ser, muitas vezes, considerado tabu e visto com preconceito, é, na verdade, o segundo tipo de câncer mais recorrente entre os homens. O dermatologista do Sistema Hapvida, Rodrigo Riccio considera o alerta extremamente importante, pois o homem tende a ser menos preocupado com a saúde, sobretudo por fatores culturais. “É importante falar não somente do câncer de próstata, mas também de outras doenças que acometem a saúde masculina”, diz.
O médico esclarece que o câncer de pele não melanoma é o tipo de tumor mais comum entre todos os outros e divide-se em basocelular, mais frequente, e escamocelular. Mesmo sendo menos agressivo e menos letal, gera muitos problemas relacionados às cicatrizes e ocorre mais em pacientes idosos, embora também acometa pacientes mais jovens. “Muitos tipos de câncer de pele ocorrem principalmente na face, sendo bem comum no nariz, deixando muitos pacientes com cicatrizes no rosto”, afirma Riccio.
Um outro ponto que deve ser levado em conta é que, embora mais frequente em mulheres (no Brasil, o INCA estimou, em 2020, 176.930 novos casos, sendo 83.770 em homens e 93.160 em mulheres), o maior número de mortes em consequência do câncer de pele não melanoma está entre os homens. Dos cerca de 170 mil casos por ano, aproximadamente 55% ocorrem no gênero feminino e, ainda que seja um câncer que ocasione menos mortes, pode evoluir para situações mais graves e até levar a óbito. Para o Dr. Rodrigo, a população masculina acaba tendo mais mortes devido a este tipo de câncer porque se cuida menos e tende a ir menos ao médico. “Por isso é tão importante abordar este e os demais tipos de câncer que afetam esse grupo”, reforça.
“Está bem, doutor, já entendi. Mas, quais são os riscos de desenvolver esse tipo de câncer?”
Em se tratando de câncer, a genética é um fator sempre importante a ser observado. Se há pessoas na família que já tiveram a doença, o risco para a descendência é maior. E neste tipo, não é diferente. A tonalidade da pele também é outra questão, pois, quanto mais clara for, maior o risco, o que não quer dizer que pacientes negros não possam desenvolvê-lo. E a própria história pessoal, se o indivíduo já teve algum tipo de câncer de pele ou em outro órgão, isso também aumenta um pouco mais a probabilidade. Mas o principal fator de risco é mesmo a radiação. Pacientes que fizeram radioterapia devido a algum tipo de câncer têm o risco aumentado, mas é a exposição solar a mais perigosa.
Conforme o dermatologista, nos consultórios e hospitais, os pacientes costumam ser pessoas que se expõem muito ao sol, como trabalhadores rurais e salva-vidas, por exemplo, bem como aquelas que realizam outras tantas atividades de longa exposição solar. O especialista lembra ainda que o sol do dia a dia – e não somente o sol do fim de semana – também causa câncer de pele, por isso é importante se proteger usando protetor solar e camisa com proteção UV. “Os pacientes imunossuprimidos (em tratamento de câncer e transplantados, principalmente renal) têm um risco maior que a população em geral.
A orientação é evitar o intervalo entre 10h e 16h. Em relação ao atual debate sobre a vitamina D, precisamos de uma quantidade mínima de sol para sintetizar a quantidade diária necessária”, alerta o médico.
Sintomas
É um tipo de câncer que costuma surgir bem lentamente e não se percebe da noite para o dia. Vem como um sinal, uma pequena ferida, sendo mais comum no rosto ou nas partes mais expostas, como ocorre principalmente na parte superior do tronco, mas pode aparecer em qualquer lugar do corpo. Geralmente, são sinais ou feridas que não cicatrizam, coçam e eventualmente sangram. Como na maioria das vezes o paciente ou até mesmo médicos de outras especialidades não têm um conhecimento aprofundado desses sintomas – e também por ser um tipo menos letal -, às vezes passam despercebidos por muitos anos até que um dermatologista faça o diagnóstico. “Para prevenir, é importante ir ao dermatologista para uma avaliação mais completa e também usar o protetor solar, que é totalmente seguro e deve ser usado também no dia a dia, pelo menos com fator FPS 30. Um paciente que já teve câncer de pele ou tem a pele muito clara deve usar um protetor FPS 50, lembrando que o protetor deve ser reaplicado na praia ou na piscina e também na rua. O uso de camisa UV e chapéu também contribui para a prevenção”, salienta o Dr. Rodrigo.
Saiba como identificar e cuidar este tipo de carcinoma
O diagnóstico é normalmente feito em consulta com o dermatologista, embora médicos de outras especialidades também possam chegar ao diagnóstico. A partir de uma lesão, o dermatologista faz o exame chamado de dermatoscopia, com um equipamento semelhante a uma lente de aumento. Em caso de suspeita de câncer, faz-se uma biópsia. Se a lesão for pequena, faz-se uma pequena cirurgia para retirar toda a lesão, o que já configura o tratamento. Se for uma lesão maior, com local de acesso mais difícil, faz-se uma cirurgia menor, para retirar um pequeno pedaço da pele e, pela biópsia, chegar ao diagnóstico por meio de análise anatomopatológica.
O tratamento é basicamente cirúrgico, mas se for identificado na fase inicial pode ser usados cremes à base de quimioterápicos, além de radioterapia para pessoas que não podem fazer cirurgia por terem outras doenças. A quimioterapia é usada somente em caso de metástase do câncer de pele não melanoma. Se descoberto no início, a chance de cura é bem maior.