A chapa da presidente cassada Dilma Rousseff e do presidente Michel Temer recebeu dinheiro de caixa 2 da Odebrecht na campanha de 2014, segundo delação da empreiteira à força-tarefa da Lava Jato. Os relatos foram feitos na semana passada, registrados por escrito e gravados em vídeo, durante os depoimentos de executivos ao Ministério Público Federal.
De acordo com o jornal Estado de S.Paulo, em pelo menos um depoimento, a Odebrecht descreve uma doação ilegal de cerca de R$ 30 milhões paga no Brasil – para a coligação “Com a Força do Povo”, que reelegeu Dilma e Temer em outubro de 2014. A quantia representa cerca de 10% do total arrecadado oficialmente pela campanha. O Estado apurou que durante os depoimentos de delação premiada, os procuradores se consultavam por meio de um grupo de WhatsApp para trocar informações.
O advogado Gustavo Guedes, que defende Temer no processo do TSE, disse que “desconhece absolutamente o assunto” e só vai se manifestar quando as delações forem homologadas. “É difícil comentar delação em tese”, afirmou.
Em relação a depoimentos de delatores da Odebrecht serem compartilhados no processo que tramita no TSE, Guedes afirma que tem dúvidas sobre a possibilidade jurídica de isso ocorrer, uma vez que seria agregar novos fatos ao inquérito.
Já o advogado Flávio Caetano, que defende a presidente cassada Dilma Rousseff no caso, disse que quem responde pelas doações para a campanha de 2014 é o ex-tesoureiro Edinho Silva. O jornal Estado de S.Paulo tentou contato com Edinho, mas ele não ligou de volta. Em depoimento ao TSE, em novembro, ele disse que a Odebrecht foi a única empreiteira que repassou dinheiro via diretório do PT. As demais não utilizaram a triangulação e depositaram diretamente na conta da chapa.
Em nota, a Odebrecht diz que não comenta as delações, mas reafirma seu compromisso de colaborar com a Justiça.