Os organizadores do “Forró Nú”, que será realizado no sábado (17) em um sítio localizado em Massarandupió, no município de Entre Rios, Litoral Norte baiano informaram que ficarão atentos a forma com que todos se divertem no local. Esta será a segunda edição da festa junina, que este ano virou polêmica entre associações de moradores e naturistas. Apesar de ocorrer em um local privado, as entidades estão preocupadas com a comunidade naturista da praia das Dunas, única destinada oficialmente à prática de naturismo na Bahia.
Após a polêmica, o evento não foi vetado, mas possui muitas regras. A principal delas é que não pode ocorrer sexo explícito no espaço da evento. Caso ocorra qualquer situação referente ao sexo, a pessoa pode ser convidada a sair.
O coordenador de turismo da prefeitura de Entre Rios, Franklin dos Santos, destacou que o município também fiscalizará o evento. “Trata-se de um local fechado, privado, então a prefeitura tem o dever de fiscalizar, acompanhar a execução da festa”, explicou.
Ninguém vai poder entrar com máquina fotográfica, nem celular. Para preservar a privacidade do público, o sítio onde será realizada a festa será cercado com palhas de dois metros de altura. Além disso, é permitida a entrada de casais, mas é proibida a entrada de homens desacompanhados no evento. Menores de 18 anos não entram, segundo a organização. “O que será permitido na festa é dançar muito forró nú, com respeito, tomar licor, comer milho assado na fogueira, muita alegria”, Davi Andrade, um dos organizadores.
Mesmo com as regras, a Associação de Naturismo da Bahia, discorda do evento. “Um forró nú é a conotação muito pejorativa para nossa causa. A associação não concorda porque está difamando a imagem da praia e do povoado”, explicou Jânio Gonçalves.
Moradores
No povoado de Massarandupió, tem morador que apoia a festa, mas outros que são contra. É o caso da vendedora Emiliana dos Santos. “Tem gente que acha que o forró é dentro da comunidade de Massarandupió e não é. Devido a isso, eu sou contra”, disse.
Já a dona de casa Nice de Jesus prefere não criticar o evento e acha que todos devem ter liberdade de fazer o que desejam, mas revela que não iria à festa. “Vai quem quer. Para que criticar? Eu não critico ninguém. Eu não iria porque só fico nua entre quatro paredes”, brinca.
O comerciante Jussier Soares revelou que já conta as horas para a festa, mas antes, precisa convencer a esposa. “Estou morrendo de vontade de ir para esse forró, só está faltando eu convencer a minha mulher. Se ela aceitar vai ser o maior prazer, a gente está dentro. Se não aceitar vou ter que obedecer as ordens dela”, brincou.
Polêmica
O “Forró Nu” preocupa as associações de praia do Litoral Norte da Bahia porque elas entendem que a reputação da comunidade e dos moradores pode ser afetada negativamente com a festa. Outro fator visto como negatvo pela Associação Massarandupiana de Naturismo (Amanat) é a forma de divulgação do evento. Eles apontam que na primeira edição da festa, em 2016, foi divulgado na imprensa e nas redes sociais como se fosse um evento público e o mesmo ocorreu este ano.
Com isso, a associação entrou com uma representação junto ao Ministério Público contra a realização do evento. Segundo o promotor Paulo Cesar Azevedo, os organizadores devem cumprir regras. Segundo ele, não há problema em o evento acontecer caso seja em ambiente privado, que não tenha visualização na parte externa e ainda que respeite as regras de poder de polícia em relação a eventos realizados no município.
O promotor recomendou ainda que o local seja fechado para o público externo, porque a prática de naturismo deve ser limitada em locais abertos, como no caso da praia das Dunas, em que o naturismo é permitido por meio de decreto municipal.
O procurador do município, Brígido Neto, informou que foram enviados fiscais na última sexta-feira (9) para verificar se o local seria fechado para visualização externa e caso fosse feito como o recomendado, o evento seria permitido. Contudo, o municipio deve oficializar com o Conselho Tutelar para que evite entrada de menores e a Polícia Militar também deve colocar equipes nas proximidades.
O realizador do evento, Davi Andrade, defende que a festa levou bons resultados para o setor hoteleiro da cidade no ano passado, na primeira edição do evento, durante a baixa temporada.
O presidente da Associação Baiana de Naturismo (Abanat), Miguel Calmon Gama, disse que não é contrário ao evento, já que indica que não deverá desrespeitar o código de ética da Federação Brasileira de Naturismo.ó
G1