Moradora da comunidade e coordenadora do Cantinho Semeando a Paz, Gleice Ingrid, de 31 anos, contou que o problema de falta d’água na região já ocorre muito antes da pandemia. Porém, há cerca de um mês, ela disse que não cai uma gota no ponto de captação na rua Caramuru.
“Não adianta mandar a gente ter higiene, se a gente não tem água. Aqui já é um lugar poluído. Até quando a água vem, ela não é boa, tem mau cheiro, porque passa um valão na rua. Muitas vezes, temos que contar com a chuva. Ficamos abandonados.”
meio aos apelos nas redes sociais e a projetos que atuam no bairro, Gleice conseguiu doações de quatro caminhões pipa para quatro comunidades no entorno: Parque Proletário, Rampinha, Maruim e Rui Barbosa. Segundo ela, cada veículo conseguiu abastecer cerca de 15 famílias com 1.000 litros de água, o que deve atender às necessidades por cerca de duas semanas.
Como não sabe quando terá água novamente, Gleice, que mora com marido e três filhos, ressaltou que é importante racionar o uso:
“A gente fica preocupada, não tem como. Aqui, ou lava a mão ou passa um pano na casa”, resumiu.
Procurada pelo R7, via e-mail, a Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgoto), responsável pelo abastecimento na região, informou que técnicos estão realizando manobras na rede de distribuição, para reforçar o abastecimento da localidade. Ainda assim equipe da Cedae irá ao endereço informado em até 24 horas para verificar solicitação.
Doações
Entre os projetos que ajudaram a financiar a compra do caminhão pipa está o Por Amor a Jardim Gramacho. No último domingo (5), o grupo, com o apoio da ONG (Organização Não Governamental) Amor em Ação, levou aos moradores do bairro itens da cesta básica, além de 220 litros de água mineral e 700 sabonetes.
A voluntária Natalia Pacheco, de 28 anos, uma das três idealizadoras do Por Amor a Jardim Gramacho, contou que o projeto promove ações de colaboração com o espaço informal Cantinho Semeando a Paz, que atende crianças de oito meses até oito anos, durante o horário de trabalho dos pais.
Apesar de o local ter fechado as portas devido às determinações das autoridades de isolamento social, os voluntários perceberam que não poderiam ficar de braços cruzados em meio à pandemia.
“Nosso propósito é dar dignidade a essas pessoas. Queremos orientar as mães para entrevistas de empregos, encaminhar para cursos técnicos, mas, em meio à pandemia, nos perguntamos: ‘se não têm água, como as pessoas vão se prevenir?’ Com a situação do coronavírus, nosso evento de Páscoa precisou ser cancelado. Então, decidimos reunir esforços para contratar um caminhão para levar as doações que já haviam sido arrecadadas e que são ainda mais necessárias agora, seguindo as recomendações de evitar aglomerações”.
A Prefeitura de Duque de Caxias disse, por meio da assessoria de imprensa, que está disposição da população e que adotou medidas para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, como a distribuição de R$ 50 por mês pelo aplicativo PicPay para complementar a alimentação de alunos da rede pública.
Sobre o problema da falta d’água em Jardim Gramacho, o Poder Municipal pretender distribuir material de limpeza e higiene, além de água, aos moradores. A ação ainda não tem data marcada para ocorrer.
R7