Depois de Roraima, o Amazonas passou a ser uma opção para venezuelanos que deixaram o país em busca de melhores condições de vida. A Venezuela enfrenta uma grave crise política e econômica, com escassez de alimentos, inclusive, e essa situação está levando a população vizinha a procurar refúgio no Brasil.
Entre 2014 e 2015, a Polícia Federal, em Manaus, registrou aumento de 402% nos requerimentos. Até outubro do ano passado, foram 782 pedidos de refúgio, 115,8% a mais que em 2015, quando foram protocoladas 367 solicitações.
O venezuelano Elias Peres chegou a Manaus no final de janeiro com a esposa e o filho de 4 meses. Ele conta que estava desempregado e passando fome.
Sonora: “Aqui a gente come um pouco melhor. Lá fica três dias, uma semana, sem comer. A Venezuela não tem nada. O governo não está ajudando em nada”.
Um grupo de trabalho formado por 12 instituições, sob a coordenação da Sejusc, Secretaria de Estado de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, está monitorando a presença dos imigrantes. Um levantamento identificou 117 venezuelanos na capital amazonense, sendo 95% deles indígenas.
A maioria está vivendo do bairro Educandos, no centro e na Rodoviária de Manaus, em abrigos improvisados. A secretária Graça Prola conta que algumas famílias aceitaram ir para um abrigo público, onde recebem comida e assistência de saúde. Outros imigrantes recusaram a ajuda e estão pedindo esmolas nas ruas.
Sonora: “Duas ou três famílias ainda permanecem lá. A grande maioria que veio pra cá são de mulheres. São 42 mulheres e 23 homens. Essas mulheres, não sei se é uma prática cultural, mas é uma prática elas pedirem esmolas nos locais mais movimentados. Isso aconteceu em Boa Vista e acontece com mais frequência em Pacaraima.”
Segundo a secretária, a maioria dos imigrantes está com a documentação pessoal e de permanência no Brasil em situação irregular. Eles informaram, no entanto, que não pretendem ficar no país por muito tempo.
Sonora: “Pelas demandas que eles colocam, eles estão em busca de dinheiro para poder voltar pra cidade deles, no sentido de comprar os mantimentos. Porque lá estão sem mantimentos, estão com fome. Pela legislação que regulamenta a migração, eles podem e devemprocurar a Polícia Federal para solicitar ou asilo, ou refúgio ou visto de permanência. Só que essas solicitações têm que ser espontâneas, não podem ser referenciadas.”
Graça Prola informou ainda que foi feita uma solicitação à ANTT, Agência Nacional de Transportes Terrestres, para que haja uma maior fiscalização nas cidades de Pacaraima e Boa vista, em Roraima, no sentido de impedir que imigrantes sem documentação embarquem em ônibus para outras cidades e estados.
ebc