Transformar a estiagem em energia produtiva, para contrariar as estatísticas e possibilitar o desenvolvimento econômico e social, de produtores rurais que vivem em municípios com baixo índice chuva, é um dos objetivos do projeto Pró-Semiárido, executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR). Entre 2015 e 2016, projeto já investiu R$ 51.787.245 e realizou 11.157 atendimentos a famílias de agricultores(as) familiares.
O Pró-Semiárido atua para melhorar, nos próximos cinco anos, a vida de 70 mil famílias, em 460 comunidades rurais, de 32 municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), com investimentos de US$ 100 milhões. Esses recursos são provenientes de um acordo de empréstimo entre o Governo do Estado e o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (Fida).
De acordo com o coordenador Pró-Semiárido, Cesar Maynart, no início do projeto, houve uma seleção, “entre as 2.789 comunidades que compõe a região semiárida. As 460 comunidades mais pobres foram escolhidas para atuação do projeto. Ainda em 2015, foi aberto o Serviço Territorial de Apoio à Agricultura Familiar (SETAF), em Juazeiro, Bonfim e Jacobina”. Nesse contexto, também houve processo de seleção e treinamento de toda equipe contratada, além da contratação de 10 entidades que prestam serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), que já estão operando.
Fusegate e agroindústria
Já em 2016, por meio do Pró-Semiárido, ocorreu um investimento na ordem de R$ 14 milhões, para o território Piemonte Norte do Itapicuru, sendo R$ 7,5 mi destinados à construção de um fusegate, tecnologia francesa a ser implantada no vertedouro da barragem do município de Ponto Novo. O equipamento vai ampliar a capacidade de reserva de água em cerca de 24%, o que significa um aumento de 9 milhões metros cúbicos. A outra parte do recurso – R$ 6,5 milhões – será investida em iniciativas socioprodutivas, para a fruticultura irrigada e a piscicultura.
Outra ação de destaque do Pró-Semiárido foi a implantação da uma agroindústria de beneficiamento de frutas, administrada pela Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), no Território Sertão do São Francisco. Foram investidos R$ 4 milhões em obras, equipamentos, capacitações e assistência técnica para fortalecer a cadeia produtiva do umbu, maracujá do mato e outras frutas nativas da caatinga.
O empreendimento possui capacidade para fabricar, anualmente, 800 toneladas. A agroindústria irá modernizar a produção, diversificar o mix de produtos e proporcionar aumento da renda dos agricultores familiares da região. A unidade vai beneficiar 3.225 famílias, aumentando o número atual, que é de 872. A agroindústria da Coopercuc é a primeira unidade implantada pelo Pró-Semiárido.
Próximos investimentos
Para 2017, Maynart destaca que está previsto o investimento de R$ 70 milhões. “Nós temos três eixos principais. O primeiro é apoiar as populações em atividades de convivência com seca, seja com água pra consumo humano ou para produção; o segundo é a comercialização, na qual vamos apoiar a construção do armazém da agricultura familiar em Juazeiro, que contará com participação de mais de 30 cooperativas, além de incentivar inúmeras alternativas de escoamento da produção rural”.
Sobre a terceira linha de intervenção, ele completa que há um investimento na capacitação das equipes locais, no sentido de qualificá-las, num processo de reforço junto às universidades, organizações populares que trabalham na região semiárida. “Temos mais 150 técnicos atuando nos 32 municípios, com formação na área de implantação de tecnologias de convivência com o semiárido e com a seca. O nosso esforço é pra capacitar os produtores e mostrar para eles que mesmo vivendo num ambiente de semiaridez elevada, é possível produzir e comercializar, de forma organizada, gerar emprego e ampliar a renda da família”, finaliza.
Secom