Explosiva, Pabllo Vittar subiu ao palco ao som da música Nega, levando ao delírio a Arena Daniela Mercury nesta primeira noite de Festival Virada Salvador 2018. Totalmente à vontade, num micro collant preto e sob uma cabeleira platinada, a cantora parecia intensificar os passos frenéticos de sua dança ao passo em que o público delirava cerca de três metros abaixo.
Sustentando uma nota aguda por uns trinta segundos, ela iniciou o hit Yukê como se quisesse romper com os ponteiros do medidor de decibéis, cantando as palavras Amor/Salvador de forma ininterrupta.
Seguia a batida do DJ e a maranhense se esgueira pelo palco como uma aranha que brinca com a presa, e seu público a acompanhava em cada movimento, sem perder a direção de seu bumbum, que transitava num passo de samba eletrônico por todo o palco do festival.
K.O – Um verdadeiro nocaute, fatal, definitivo e o batismo de fogo da cantora em terras soteropolitanas estava completo com menos de 20 minutos de espetáculo, quando ela trouxe o sucesso K.O. “Hoje eu vou pro samba, eu vou me jogar”, dizia enquanto a multidão não a deixava desistir de nenhuma nota, cantando todas, como quem lê o mesmo trecho de uma história conhecida.
Em retribuição, o público repetia “Pablo, eu te amo!”, e a drag queen agradecia apaixonada. “Hoje vocês têm uma drag queen cantando pra vocês. Quem diz que representatividade não significa nada está muito enganado. Hoje, quem me vê no palco, e com certeza já passou por muito do que eu passei, pode dizer ‘é possível sim, eu também posso'”.
ACM Neto
O prefeito ACM Neto recebeu a cantora Pabllo Vittar após o show da artista na Arena Daniela Mercury, no primeiro dia do Festival Virada Salvador. A cantora agradeceu ao prefeito pela oportunidade de participar da maior festa de virada de ano do país, e ele retribuiu elogiando sua apresentação no palco, que levou o público ao delírio. Os dois gravaram um vídeo divulgado pelo prefeito nas redes sociais.
Até “cachorro trans” curtiu show de Pabllo Vittar em Salvador
Personagens inusitados não faltaram durante a apresentação de Pabllo Vittar, a drag queen mais escutada em todo o país. Nem mesmo 1,4 mil quilômetros separaram a transgênero Márcia Marci, 27, e o seu cachorrinho Coiote da sua ídola maranhense. Sem dinheiro, mas com muita boa vontade, ela saiu de Grajaú, na Zona Sul de São Paulo, em direção a Salvador e utilizou a carona para viabilizar a viagem.
“Peguei duas caronas para chegar até aqui, mas não fiquei sem Pabllo. E a Coiote, que é trans igual a mim, me acompanha aonde eu vou. Já fomos ao show dela em Sampa, na última Parada Gay, e agora estamos aqui, tendo o prazer de acompanhá-la de pertinho. Para mim, Pabllo é uma bicha potente, que sabe trabalhar a força. Uma representação perfeita da feminilidade”, contou.
Já Guilherme Nascimento, 39, o Sebastian do Imbuí, fechou o show ao subir ao palco e dançar K.O ao lado de Pabllo. “Gente, olha a bunda dessa menina”, disse a cantora no meio da apresentação. Apaixonado pela drag queen, ele passa os dias ensaiando os passos de cada música de sucesso, e, nessa primeira noite do festival, veio todo fantasiado. Biquini, sainha, pircing, brincos grandes e batom fizeram parte do look. “A luz brilhou para mim e eu mostrei para o Brasil quem sou eu”, disse, emocionado, após dar o seu show no palco.
A apresentação de uma hora e meia arrancou gritos e choro de fãs mais íntimos. A maioria tira de Pabllo a inspiração para sentir orgulho da identidade de gênero e enfrentar as adversidades diárias. São fãs como o estudante Jonatas Andrade, de 18 anos, que se emocionou ao escutá-la de perto. Uma história de superação une os dois. “Quando eu tinha 16 anos, me atiraram suco por eu ser gay. No caso de Pabllo, foi um pouco pior, atiraram sopa. Pabllo é a representação da força gay, em uma performance impecável”, opinou.
Fotos: Jefferson Peixoto/PMS