O início da vacinação contra covid-19 no Brasil representa uma esperança, mas também impõe uma série de desafios que precisam ser acompanhados de perto por gestores públicos para não atrapalhar os esforços de imunização. Veja nas próximas imagens alguns deles.
1. Disponibilidade de vacinas
Esta é a primeira vez que o Brasil inicia uma campanha de vacinação sem as doses necessárias para todos os grupos previstos. Instituto Butantan, que produz a CoronaVac, tem insumos importados da China, mas não o suficiente para garantir todas as 40 milhões de vacinas previstas até abril. Qualquer atraso na importação poderia colocar em risco o programa.
Não há hoje, por exemplo, uma previsão de quantas doses da CoronaVac, além das 6 milhões aprovadas para uso emergencial, serão distribuídas quando esse primeiro lote se esgotar.
No caso da vacina de Oxford, a Fiocruz enfrentou um revés antes mesmo de ela ser distribuída no Brasil. A Índia barrou o envio de 2 milhões de doses que seriam exportadas. A expectativa é que a partir da metade do ano, Butantan e Fiocruz já tenham uma produção 100% nacional.
2. Continuidade
Enquanto não se tornam autossuficiente na produção das vacinas — o que deve ocorrer a partir do segundo semestre deste ano — Fiocruz e Butantan dependem de matéria-prima importada da China. Por esta razão, qualquer atraso no fornecimento é suficiente para suspender temporariamente as vacinações no país.
3. Dose dupla
Pela primeira vez, o Brasil terá uma campanha de vacinação que envolve duas doses — com intervalos de tempo diferentes para cada imunizante. Isto demandará uma estrutura melhor da rede, desde a certificação de que ninguém tomará vacinas diferentes entre uma dose e outra até a garantia de que as pessoas irão retornar para o reforço na data estabelecida.
4. Logística
Em um país com centenas de cidades em localizações de difícil acesso, garantir que as vacinas cheguem a todos os cantos — e na temperatura adequada — é um trabalho complexo. O Ministério da Saúde atrasou o primeiro envio da CoronaVac para algumas capitais, o que teve um efeito cascata na distribuição aos municípios menores.
5. Convencimento da população
Nenhuma campanha de vacinação é efetiva se houver baixa adesão. O principal desafio do Ministério da Saúde será convencer as pessoas a procurarem os postos de saúde ao longo de 2021. Para isso, especialistas entendem que deve haver comunicação permanente, tanto para explicar sobre a importância da imunização como para desmentir informações falsas sobre as vacinas que circulam nas redes sociais.
6. Combate à desinformação
O processo de convencimento da população, segundo especialistas, envolve justamente o poder público trabalhando forte contra a desinformação a respeito das vacinas. São crescentes no mundo os movimentos antivacina, que pregam inúmeras teorias que poderiam minar o esforço de uma campanha de vacinação.
7. Fiscalização
É fundamental que autoridades mantenham mecanismos de controle durante toda a campanha de vacinação para evitar que pessoas fora dos grupos prioritários sejam vacinadas indevidamente e também o desvio de imunizantes do SUS para venda no mercado paralelo. Da mesma forma, as polícias precisam trabalhar para combater fraudes como a comercialização de vacinas falsificadas.
R7