A diversidade musical continuou presente na programação
O penúltimo dia de Carnaval do Pelô já começou a deixar um clima de saudade nos corações dos foliões, mesmo assim, o que não faltou foi animação. Percussão, jazz, samba, rap e arrocha entraram neste caldeirão musical.
A espiritualidade e música de matrizes africanas abriu a programação no palco principal. “Saudação às Matriarcas” trouxe como proposta fundir ritmos ancestrais das nações Ketu, Gêge e Angola, como Ilú, Ijexá, Alujá, Kabila, com o jazz. O projeto reuniu o grupo PRADARRUM, capitaneado pelo percussionista Gabi Guedes, o griô senegalês Doudou Rose e a cantora brasiliense Nãnan. O show prestou homenagens a Iyalorixás e Alabês que lutaram pela manutenção das suas comunidades, história e espiritualidade. “Essa é a nossa maneira de homenagear as nossas matriarcas que nos deixaram um legado, uma cartilha que devemos seguir para preservarmos a nossa cultura e a nossa ancestralidade”, disse Gabi Guedes, ao abrir o show com a canção-tema intitulada “Senhora Mãe”, uma homenagem à Mãe Menininha do Gantois, a mais famosa mãe-de-santo da Bahia.
Em seguida, o samba agitou a noite, com o projeto “Eu Sambo Mesmo”, de Simone Mota, Mazzo Guimarães e Luciano Salvador Bahia. Foram entoados sucessos inesquecíveis como “Não Deixe o Samba Morrer”, “Brasil Pandeiro”, “Coração Leviano” e “Com que roupa?”. O resultado foi um grande e belíssimo coral cantando em alta voz cada uma destas letras imortais, que fazem sucesso até hoje e revisitam a história do samba brasileiro. Adaptados para o ritmo, sucessos da MPB também fizeram parte do repertório, que contou com obras de Chico Buarque, Caetano Veloso, Maria Bethânia, João Bosco, dentre outros.
A noite terminou ao som do arrocha com a banda Pra Casar, que trouxe sucessos de diversos artistas do gênero.
Outros palcos – O destaque entre os palcos do Pelô foi o Largo Tereza Batista que virou espaço para o Carnaval do Rap. Os rappers baianos Mr.Armeng e Vandal, conhecidos no cenário do Hip Hop nacional e da musica baiana, atraíram os admiradores deste gênero considerado inusitado na folia. Enquanto Mr Armeng contou com as participações da Soul, Tá! Crew e do artista plástico grafiteiro Oliver Dórea, Vandal se apresentou com a DJ Bruxa Braba e o DJ Poeira, além de ter convidado a cantora Áurea, do bairro de Cajazeiras. Nesta terça-feira (25) tem mais rap no largo, com shows de Nouve e Nova Era, às 15h e às 17h30.
Ainda no Largo Tereza Batista, a banda Escola de Música Irmãos Macêdo trouxe o som da guitarra baiana e mais homenagens ao “Setentrio”, os 70 anos do trio elétrico. A programação terminou ao som do reggae de Danzi & Jahfreeka Soul.
No Largo Pedro Archanjo a tarde começou com muita diversão com a banda Gatos Multicores. O show é marcado por músicas dançantes, performances engraçadíssimas e um figurino bastante colorido com maquiagem, também, de felinos sapecas. Já a noite começou com Guiguio, voz potente da música afro na Bahia. Em seguida, mais uma noite de baile à moda antiga, com o carnaval da orquestra do maestro Zeca Freitas. A guitarra baiana ressoou no largo ao som de Júlio Caldas. A noite terminou com Alexandre Leão.
Também teve programação infantil abrindo o Largo Quincas Berro D’Água, com Lore Improta trazendo muita música e dança. Em seguida, o axé da banda Marcato trouxe alegria ao fim de tarde. A noite teve samba com Shalom Adonay e Viola Paraguaçu. Mais tarde, o largo lotou de foliões animados para curtir as marchinhas da banda Bailinho de Quinta. E Ana Mametto fechou com chave de ouro a programação.
Microtrio pela preservação das águas – Com o tema “Em Águas”, o Microtrio Ivan Huol chamou atenção pela decoração inspirada no fundo do mar, e despertou os foliões para a importância da valorização hídrica e da preservação das águas dos mares, oceanos e rios. Conchas, algas e peixes estampavam o microtrio, que levava à frente uma manequim dessas usadas em loja, equipada com acessórios de mergulho e frases pintadas no corpo como “meu corpo, minhas regras” e “não é não!”, uma referência à campanha Respeita as Mina, realizada pelo Governo do Estado.
“O tema surge como resposta ao descaso com o meio ambiente presenciado no Brasil nos últimos anos, que contamina nossos mananciais hídricos, o descaso com o óleo nas praias do nordeste”, explicou o ator Beto Mettig, que é responsável também pela comunicação do microtrio.
Também desfilou no Pelourinho na tarde desta segunda-feira o nanotrio Pelô Bossa Reggae, conduzido pela banda Estylo Candeal e sua percussão. Como já era de se esperar, no repertório muitos sucessos da Timbalada, além de canções do baiano Edson Gomes e de outros cantores nordestinos como Alceu Valença e Geraldo Azevedo.
Carnaval do Pelô – Realizado pelo Governo do Estado, o Carnaval do Pelô traz cinco dias de folia para o Centro Histórico de Salvador, com atrações que contemplam os diversos ritmos e tribos. O Largo do Pelourinho será palco dos principais shows da festa, promovendo encontros musicais variados para marcar a memória de cada folião. Nos largos Pedro Archanjo, Tereza Batista e Quincas Berro D’Água a mistura traz axé, samba, orquestra, antigos carnavais, rap, afro, guitarra baiana, arrocha e reggae, além de bailes infantis para unir toda a família. As ruas do Pelô mantêm a tradição dos desfiles dos grupos e bandas, sempre em clima de animação e muita paz. Tudo isso torna o Pelourinho o circuito mais diversificado e democrático da folia.
Carnaval da Cultura – Fundamentado nas matrizes que construíram a nossa história, expressadas através das danças e musicalidade dos blocos afro e dos afoxés, na alegria e no gingado do samba, na força e balanço do reggae, que integram o Carnaval Ouro Negro em 2020. Com a diversidade de gerações e de ritmos que ocupam os palcos do Carnaval do Pelô, e que ainda toma conta das ruas mantendo a tradição que une os foliões no Centro Histórico. Por meio destes projetos de grande participação comunitária e popular, o Carnaval da Cultura, que integra o Carnaval da Bahia, do Governo do Estado, através da Secretaria de Cultura, dá continuidade às políticas de preservação e democratização na maior folia do mundo, que segue colorida, diversa e com o espírito folião que contagia todo baiano.