Em mais um recuo da Prefeitura de São Paulo, a capital paulista volta a ter nesta segunda-feira (18) o rodízio tradicional de veículos, que tira das ruas dois finais de placa por dia nos horários de pico e não funciona nos fins de semana.
No domingo (17), o prefeito Bruno Covas (PSDB) anunciou, por falta de resultado prático na tentativa de aumentar o isolamento social na cidade, o fim do recém-instaurado rodízio de 50% dos carros. Em dias pares, circulavam as placas com final 2, 4, 6, 8 e 0, e, nos ímpares, apenas as terminadas em 1, 3, 5, 7 e 9.
“Houve apenas uma pequena melhora no índice que tínhamos de isolamento. Na comparação de sexta-feira (8) com esta sexta (15), subimos apenas dois pontos percentuais, passando de 46% para 48%, mantendo-se abaixo dos 50%, o que é insuficiente”, justificou Covas.
Antes de abrir mão do chamado rodízio par-ímpar, o prefeito já havia desistido no início de maio do bloqueio de algumas vias do município. A intenção era desestimular os motoristas a trafegarem em São Paulo, mas a ideia acabou causando trânsito não só na proximidade dos locais interrompidos como em todo o restante da cidade.
O rodízio par-ímpar, além de não reduzir os índices de isolamento social, também teria fracassado ao levar milhares de pessoas ao transporte público, lotando ônibus, metros e vagões da CPTM. E sabe-se que evitar aglomerações é uma das principais metas de qualquer medida de prevenção contra o novo coronavírus.
Covas reclamou que ocorreram muitas críticas à medida, mas houve bastante exagero. O prefeito chegou a citar que uma TV utilizou imagens de antes do rodízio para mostrar ônibus lotados na capital paulista.
Segundo a prefeitura, com o rodízio mais restritivo, que durou apenas uma semana, cerca de 1,5 milhão de carros deixaram de circular e houve uma queda de 5,5% no número de passageiros de ônibus, o que representa menos 64.266 pessoas.
Agora o rodízio volta a ter as mesmas regras do passado, com restrição de acordo com o final da placa, e só funciona de segunda a sexta-feira, nos horários de pico (7h às 10h e 17h às 20h).
A isenção vale apenas para as categorias que já tinham o benefício. “Quem foi multado, foi multado, e poderá recorrer”, explicou o prefeito.
Na coletiva de domingo, o prefeito também destacou a importância de se ampliar o isolamento na cidade: “Estamos ficando sem alternativas. É preciso parar por São Paulo. Não há outro caminho. Antes de pensarmos em abrir, é preciso parar. A nossa competência é limitada. A região metropolitana é interligada, mas eu não controlo trens e metrô”, observou.
Para tentar desacelerar o ritmo de contágio do coronavírus, o prefeito encaminhou um projeto de lei para a Câmara de Vereadores, em regime de urgência, para que os feriados municipais de Corpus Christi e Consciência Negra sejam antecipados.
O presidente da Câmara, Eduardo Tuma (PSDB), afirmou que já dialogou com os líderes da Casa e garantiu celeridade, uma vez que o projeto será discutido nesta segunda em uma sessão às 15h.
“Vamos manter a celebração das datas, mas sem o feriado obrigatório. Aproveitaremos o fato de que a maioria das pessoas não trabalha em feriados para garantir uma adesão ainda maior ao isolamento social. Vou sugerir ao governador João Doria que faça o mesmo e antecipe o feriado de 9 de julho para ganharmos mais um dia de pausa”, disse o prefeito.
As novas datas para antecipação ainda não foram definidas.
R7