No âmbito das doenças reumáticas, a relação entre suas causas e saúde mental ainda permanecem parcialmente desconhecida. No entanto, médicos afirmam que o estresse pode desempenhar um papel crucial no desencadeamento de doenças autoimunes.
De acordo com a reumatologista da clínica IBIS, Dra. Laryssa Passos, isso se dá devido ao fato de que a exposição ao estresse pode desencadear alterações neurobiológicas, uma vez que o organismo, ao se sentir ameaçado, responde com a produção elevada de cortisol, conhecido popularmente como “hormônio do estresse”, preparando-se para enfrentar adversidades. E doenças autoimunes são condições em que o sistema imunológico, responsável por defender o organismo contra invasores externos, ataca erroneamente as células saudáveis. Essas enfermidades podem afetar diversos órgãos e sistemas do corpo, e resultar em doenças como a artrite reumatoide, lúpus, esclerose múltipla e tireoidite, entre outras.
Assim, pesquisadores observaram que o estresse, a ansiedade e a depressão podem desencadear reações inflamatórias no corpo, contribuindo para o surgimento e agravamento das condições autoimunes. Dra. Laryssa Passos explica que isso ocorre porque “o cérebro e o sistema imunológico estão intrinsecamente conectados. As emoções e o estresse podem modular a resposta imunológica, desencadeando processos inflamatórios que podem contribuir para o desenvolvimento de doenças autoimunes.”
Além disso, pacientes que enfrentam condições autoimunes muitas vezes vivenciam desafios psicológicos significativos. A gestão constante da doença, os sintomas debilitantes e a incerteza em relação ao futuro podem levar a quadros de ansiedade e depressão, criando um ciclo complexo que afeta tanto o corpo quanto a mente. “Por isso, o tratamento eficaz das doenças autoimunes deve incluir também estratégias para melhorar a saúde mental dos pacientes. Saúde mental é essencial não apenas para prevenir transtornos psicológicos, mas também para promover um equilíbrio que beneficie o funcionamento do sistema imunológico e, por conseguinte, influencie positivamente o curso das doenças autoimunes”, reforça.
A interconexão entre saúde mental e física destaca a complexidade da relação entre corpo e mente. Ao reconhecer e tratar os impactos psicológicos das doenças autoimunes, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes, proporcionando-lhes ferramentas para enfrentar não apenas os sintomas físicos, mas também os desafios emocionais associados.
Dra. Laryssa Passos é reumatologista na clínica IBIS – Salvador, pertencente ao Grupo CITA (Centros Integrados de Terapia Assistida), referência em tratamentos de doenças autoimunes no Brasil e está disponível para entrevistas sobre “Doenças Autoimunes”.