O presidente Michel Temer recorreu às forças do Exército para conter os manifestantes em Brasília, na noite desta quarta-feira (24). O presidente decretou uma ação de garantia da lei e ordem (GLO) na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, assinada também pelo Ministro da Defesa, Raul Jungmann com validade até a próxima quarta-feira (31/05).
Tudo começou com um protesto contra o governo Temer. Porém, logo mais o que era para ser um protesto pacifico, deu lugar para confusão, quebra-quebra, depredação em prédios de ministérios e confrontos entre manifestantes e policiais.
Ao todo, 7 pessoas foram presas e 49 ficaram feridas. Uma área dos Ministérios da Agricultura, do Planejamento e da Cultura foi depredada, além da Esplanada. Os policiais atiraram contra os manifestantes e, diante desta situação, o presidente Temer decretou o uso das Forças Armadas nas ruas da capital por uma semana.
A Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) divulgou nota oficial nesta quarta-feira (24) para justificar a medida e salientar que o Exército sairá das ruas assim que a situação voltar à normalidade.
No texto, a Secom diz que o efetivo das Forças Armadas foi colocado à disposição “com o objetivo de garantir a integridade física das pessoas, proporcionar evacuação segura dos prédios da esplanada e proteger o patrimônio público, tal como foi feito anteriormente em vários Estados brasileiros”. “Restabelecendo-se a ordem, o documento será revogado”, diz o documento.
A Secretária de Comunicação diz ainda que as manifestações ocorridas em Brasília nesta quarta-feira “produziram atos de violência e vandalismo que, lamentavelmente, colocaram em risco a vida e a incolumidade de servidores que trabalham na Esplanada dos Ministérios nesta capital federal”.
Repercussão no Congresso
A notícia foi recebida com protestos no Congresso Nacional. Deputados da oposição decidiram se retirar do plenário em protesto ao decreto do presidente Michel Temer e chegaram a ocupar a mesa diretora para impedir a continuidade da sessão.
“Estamos inaugurando uma nova fase na história do Brasil. Para reprimir uma manifestação popular com mais de 100 mil pessoas, se coloca o Exército na rua. Isso é um retrocesso com o qual nós não podemos compactuar.” Afirmou o deputado Carlos Zaranttini (PT-SP)
Rodrigo Maia, também alvo da oposição, se defendeu afirmando que o pedido dele era para que o policiamento fosse reforçado pela Força Nacional. Maia também disse que a decisão de convocar as forças armadas foi uma decisão apenas do governo federal. “Esse pedido eu fiz ao presidente, e reafirmo que fiz, mas se a decisão do governo foi além da Força Nacional, esta é uma decisão que cabe ao governo, não cabe à presidência da Câmara”, alegou.
Já no Senado o decreto foi recebido com um mandado de segurança, impetrado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Ele reconheceu que as manifestações ultrapassaram os limites, mas responsabilizou Temer pelos atos. “As cenas de depredação lamentável e condenável que ocorreram neste triste e duríssimo dia na Esplanada dos Ministérios tem um início. E o início é o ato do senhor presidente da República de não ter renunciado quando não tinha mais autoridade de governo”, disse o senador.