A caravana de imigrantes que percorre o México, rumo Estados Unidos, há mais de um mês enfrenta severas adversidades na tentativa de obtenção de asilo em território americano. Enquanto o governo dos Estados Unidos considera os imigrantes invasores, a realidade é que eles vivem o drama de ter de deixar Honduras, país da maioria deles, por causa da violência.
O ex-policial hondurenho Ivan é um retrato deste sofrimento. Ele conta que mudou de casa diversas vezes para escapar das gangues de rua que aterrorizam o país da América Central, principalmente a cidade de San Pedro Sula, considerada a mais violenta do mundo.
Foram tantas mudanças que ele já perdeu a conta. Seu temor era o de ver seus filhos serem obrigados a se juntar às gangues ou serem mortos. Sentindo-se sem opção, ele se juntou a milhares de hondurenhos que, junto com refugiados de outros países da região, fugiam para os Estados Unidos. A maioria dos cerca de 7 mil imigrantes é de San Pedro Sula.
Ivan, que tem 45 anos, pediu para ser identificado apenas pelo seu primeiro nome. Ele viaja pelo México em uma caravana de milhares de pessoas, que passam por necessidades e quase não recebem a atenção do governo mexicano. Mas ele parece estar preparado para as hostilidades.
Em Tijuana, por exemplo, moradores locais protestaram por causa da presença de parte dos imigrantes, que já chegaram e estão à espera de uma permissão para entrar nos Estados Unidos.
Mas a violência e a pobreza da qual fogem são tão grandes que eles não se importam com os obstáculos da viagem.
Nem com o fato de o presidente dos EUA, Donald Trump, definir as caravanas como uma “invasão” e ordenar o envio de cerca de 5.800 soldados para “endurecer” a fronteira, inclusive com arame farpado.
Ivan se mostra temeroso em contar sua história. Ele corre risco inclusive na caravana, estando atento a tatuagens de gangues ou gírias que possam identificar imigrantes associados a seus perseguidores em Honduras.
E a situação não estava fácil por lá. A gota d’água que o fez decidir pela fuga de Honduras veio quando membros de gangues colocaram uma arma na cabeça de seu filho Yostin, de 15 anos. Sair do país, naquele momento, passou a ser uma responsabilidade para ele, como pai.
R7